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quarta-feira, abril 06, 2005
Moção de estratégia global ao XX Congresso do CDS/PP

SUBSCRITORES

Silvio Cervan, Rui Pedrosa, José Magalhães Mexia, José Marcelo Mendes Pinto, José Gagliardini Graça, João Maria Porto, João Anacoreta Correia, Carlos Furtado, António José Barros, Afonso Noronha






Um Portugal com futuro




1 – Enquadramento histórico do partido

2 – Situação politica actual

3 – Reorganização interna

4 – Causas políticas

5 – Os próximos tempos


1 – Enquadramento histórico do partido

O CDS nestes seus trinta anos de história, foi convivendo com alguns momentos de uma certa turbulência. Desde logo, no momento da sua fundação sentiu dificuldades por se afirmar, de forma clara, no espectro não socialista. Na altura, e independentemente da representação sociológica, a assunção de um partido representativo do centro-direita e da direita era algo difícil, razão pela qual o nascimento do CDS se revestiu de diversas dificuldades que bem são recordadas por muitos daqueles que desde essa hora pertencem ao partido. Também por isso o CDS assumiu-se fundamentalmente como democrata cristão, rejeitando o rótulo direita. Aliás esse foi um rótulo do qual os seus fundadores se procuraram desmarcar, como nos últimos tempos foi infelizmente recordado.
Passados os primeiros tempos, o CDS foi-se afirmando e demonstrou ser fundamental no equilíbrio ideológico na Assembleia da República, onde marcou verdadeiramente o seu código genético na votação final global contra a Constituição; que constantemente tem sido revista no sentido defendido pelos nossos deputados constituintes.

De todo o modo, parecia já nessa altura claro que o CDS não alcançou uma maior expressão eleitoral pelo simples facto de não ter sido constituído antes do PSD, e pelos complexos de direita que perduram até aos dias de hoje. Por essas alturas ainda se verificou uma votação significativa conseguindo o partido a eleição de 42 deputados em 1976. No entanto, esse mesmo facto não retirou ao partido uma sólida expressão e responsabilidade social que levou a que o CDS tenha participado num Governo de salvação nacional com o PS, e tenha estado na génese do projecto reformador da AD verdadeiramente essencial para a afirmação da nossa democracia nos moldes ocidentais.

O fim da coligação trouxe novos tempos de dificuldade ao nosso partido. As votações do CDS passaram a assumir alguma instabilidade.

30 deputados em 83, 22 em 85, 4 em 87 e 5 em 91, para retomarmos a casa dos dois dígitos nos 3 últimos actos eleitorais. Momentos de esperança foram sentidos quando da presidência de Lucas Pires e do movimento regenerador que nasceu em Ofir. Ou quando o estilo de Manuel Monteiro conquistou uma série de desiludidos e famílias tresmalhadas. E ainda com Portas, com um novo estilo e um novo rumo politico.

Por isso mesmo, e olhando para moções apresentadas a diferentes congressos, é fácil verificar que após actos eleitorais se fazem apelos constantes à refundação da direita, à procura dos ideais do partido, à pacificação das sensibilidades internas e ao incentivo à participação dos militantes.

A alteração do nome e uma procura encapotada de retomar o inicial foram os sinais mais claros da procura dessa identidade. Nesse plano é muito importante declarar as nossas características essenciais. Não podem existir dúvidas sobre a necessidade de um partido que afirme a necessidade de ser conservador nos princípios e liberal na economia e nas funções do Estado. E não se julgue que estes dois rótulos são incompatíveis entre si. O Povo de direita aprecia a ordem e defende a propriedade, acredita q.b. na livre iniciativa e prefere o privado ao público. Mas quer um estado forte, que seja, tanto quanto possível, na sua organização como no seu funcionamento, uma pessoa de bem. A vertente liberal deve servir para sublinhar o valor liberdade em relação ao valor igualdade e para demonstrar a confiança no indivíduo e num Estado que deve regular – como árbitro – o funcionamento do mercado. Com isto não se deve esquecer a existência do Estado Providência que deve actuar essencialmente no exercício das suas funções sociais. Estas não podem ser entendidas como um património da esquerda. Claramente deve vingar a doutrina democrata cristã. É essencial afirmar que os problemas de natureza social serão menores numa economia que desenvolvida e em crescimento. Esta aparecerá, naturalmente, por via do investimento privado, do prémio ao empreendorismo, pela assunção de um conceito de exigência nas escolas e universidades. No fundo aparecerá com mais liberdade, exigência e com sujeitos privados e públicos a cumprirem as suas verdadeiras funções. E cada um no seu respectivo lugar. Sem atropelos e cada um fazendo o que melhor sabe fazer. Na procura da excelência.

Todo este quadro conceptual não pode fazer esquecer que as últimas eleições representaram, para muitos, uma total surpresa. Habituados que estávamos a sermos sub avaliados pelas sondagens, e acreditando que as vozes que nos elogiavam em nós votariam, é natural que tenhamos ficado surpreendidos pelos resultados obtidos. Mas uma análise mais cuidada dos resultados permite chegar à conclusão de que houve uma mudança dos eleitores do CDS. Do voto rural e de “nicho” do passado ao voto urbano do presente, a explicação está na clara postura que o partido adoptou nos últimos tempos. Respeitado e respeitável, assumindo uma postura de partido de governo. Perdeu-se um eleitorado disseminado que no seu todo era uma amálgama de “grupos”, para um voto mais urbano, em zonas mais desenvolvidas, que comungam de um mesmo ideal.

Estamos certos também, que este novo voto no CDS tem por base uma maior abertura da sociedade, bem como o libertar de amarras da direita e a chegada de uma nova geração ao partido. Acreditamos que aí pode estar uma nova direita que até pela sua idade não tem a necessidade de afirmar a sua óbvia caracterização democrática.

Esta “nova direita” começa finalmente a ter peso na opinião publicada que já vai começando a não ser estritamente de esquerda. O aparecimento de muitos e bons “fazedores de opinião” que se colocam claramente no lado da direita ideológica, o encarar da comunicação social de forma aberta e sem medo de criticas, o querer assumir responsabilidades em áreas que estavam como que cativas à esquerda, como é o caso da cultura, são apenas sinais de uma mudança que acreditamos pode e deve ser protagonizada pelo CDS.

Parece claro que com a chegada destes novos eleitores, chegam novas ideias, o CDS tem que perceber que o voto urbano e mais novo, exige outra linguagem, outra mensagem. Para o CDS esta é uma nova etapa, há que entender e analisar os novos eleitores, continuar com certos dogmas indiscutíveis é, a prazo, perder de novo eleitorado.

Acreditamos assim que existe um potencial de crescimento escondido, que deverá ser explorado após uma definição da estratégia. Estratégia essa que procuraremos traçar nesta moção.

Estamos livres de compromissos e de teias complicadas que impedem a mudança e tolham a criatividade. Aproveitemos então.


2 – Situação Política Actual

Vivemos hoje, em Portugal, um período de claro predomínio da esquerda. Esta detém maioria na Assembleia da República, que suporta um Governo liderado pelo seu Secretário-Geral, e tem um militante seu que exerce o segundo mandato como Presidente da República. Urge equilibrar o sistema, conquistando o maior número de autarquias de uma forma clara e inequívoca. Terreno esse que não é aquele em que melhor nos sentimos.

Este equilíbrio é ainda mais necessário na medida em que os ventos que sopram aos portugueses não parecem ser nada favoráveis. Bem pelo contrário. Desemprego em alta, contas do estado ainda em mau estado, economia estagnada, falta de investimento estrangeiro, pouco investimento português, sentimento de desconfiança nas instituições fundamentais ao bom funcionamento de uma sociedade como a justiça, a saúde e a segurança.

Para além de o Estado continuar a ser o principal empregador e cada vez mais concentrado, o que por si só condiciona politicamente todas as mudanças, há oportunidades que têm sido perdidas.

A reforma da legislação laboral, por via de um código do trabalho que caminha no bom sentido, ainda assim ficou aquém do desejado tornando-se um obstáculo ao investimento nacional e estrangeiro.

A reforma dos serviços do Estado avançou de forma tímida. Continuamos a ter serviços com excessos de pessoal e serviços onde se sente a escassez de meios e pessoas. E muitos destes serviços poderiam e deveriam ser feitos por privados.

As nossas escolas têm de ser geridas de forma autónoma e sujeita a avaliação. O ensino básico tem de ser uma aposta clara no médio e longo prazo. As universidades têm de ser locais de excelência. Competitivas entre si e fortemente ligadas ao sector produtivo. Tem que haver um rápido reforço do ensino profissional.

O nosso sistema fiscal tem de dar mais condições para um melhor investimento. A excessiva carga fiscal, ainda por cima mal cobrada e executada, continua a ser um forte travão ao investimento estrangeiro.

A justiça continua a não ser exercida com a celeridade que se deseja, sendo desta forma muitas das vezes um transtorno para as empresas e um factor de desequilíbrio para os cidadãos.

Enfim, também Portugal precisa de encontrar o seu caminho e as suas apostas.
A indústria luta dia a dia pela sobrevivência numa economia aberta e concorrencial.
A agricultura continua a ser um parente pobre quando deveria ser uma aposta. Faz algum sentido que exista 1 funcionário sentado atrás de uma secretária por cada 4 agricultores activos?
O turismo assume um papel capital num futuro próximo, mas os erros urbanísticos e a nossa constante dificuldade de fazer e manter as opções, podem ser travões a essa realidade.
Há alturas em que parece faltar uma estratégia a Portugal. Cumpre defini-la e, todos juntos, levá-la a bom porto.

Ponto essencial é a participação de Portugal na União Europeia. A nossa presença na Europa merece ser sempre pensada e acautelada. Não está, nem pode em qualquer circunstância estar, em causa a nossa continuidade. Mas devemos sempre procurar vincar e dignificar o nosso papel de nação independente. É aí, nesta Organização Europeia que deve começar a defesa dos nossos interesses. Na grande Europa das Nações.

Devemos, desde logo, lutar pela manutenção da nossa agricultura. Veja-se o que fazem os nossos vizinhos espanhóis ou os franceses. Também nessa sede devemos lutar pelos nossos têxteis, ou pelo nosso vinho, bem como pela defesa de símbolos tão marcantes como a denominação “Vinho do Porto”.

Uma vez mais referimos que não está em causa a nossa presença. Mas não pode ser a qualquer preço. Pertencemos por direito próprio e de cabeça bem erguida trataremos de nos manter no pelotão da frente.


3. Reorganização interna

O partido tem de se organizar de forma a acompanhar os tempos em que vivemos. No passado procurávamos um organigrama que chegava aos núcleos de freguesia. Longe que vão esses tempos. Numa altura em que se fala da criação de massa critica para a resolução de problemas, como a fusão de concelhos ou a organização de concelhos em áreas metropolitanas, o partido deve seguir esses exemplos e começar a reorganizar-se. Uma empresa procura ser ágil para se poder adaptar ao mercado em que se insere. Um partido deve seguir as mesmas pisadas, com as adaptações naturais às especificidades da vida politica.

Faz sentido a manutenção dos orgãos concelhios. Mas faz igualmente sentido que estes se agrupem quando não existam militantes em número suficiente. O papel destas estruturas é fundamental para a implantação do partido no terreno. É a partir do seu trabalho que nos pudemos manter vigilante da acção desenvolvida pelo poder local. São eles os nossos primeiros cartões de visita.

A grande alteração na estrutura partidária é o fim das comissões politicas distritais. A promessa da extinção do cargo de governador civil, entretanto adiada pelos socialistas, o agrupamento de concelhos em áreas metropolitanas ou em associações de municípios, são as principais causas desta eliminação. A explicação é o paralelismo que pretendemos exista com a organização territorial do país. Se os partidos políticos são o espelho do país, organizemo-nos da mesma forma.

A proposta dos 5 secretários gerais adjuntos é para que estes possam ficar adstritos a regiões ou grandes áreas, como por exemplo as regiões planos actualmente existentes.


Para isso sugerimos a seguinte organização.

A) - Órgãos nacionais eleitos em congresso

Presidente
1 a 5 vice presidentes
1 secretário geral
5 secretários adjuntos
comissão política
comissão executiva, saída da comissão politica a convite do líder
conselho nacional
conselho nacional de jurisdição


B) – orgãos locais

Comissões territoriais, tendo por colégio eleitoral os militantes dos concelhos que os compõem, com base na reforma administrativa promovida pelo governo de coligação PSD/CDS

Comissões concelhias (pode e deve haver a união de concelhos limítrofes quando nestes não existam uma percentagem mínima de militantes em função da população eleitoral).


C) – organizações autónomas
JP

D) – organizações paralelas

Estruturas de reflexão, organizadas por temas, com a participação de convidados dos secretários adjuntos e dos órgãos locais, de molde a abrir o partido à sociedade civil, numa espécie de permanente audição pública.

Conselho económico-social que trabalharia com agenda própria e poderia beneficiar dos contributos dos grupos de reflexão.

Senado, com responsabilidades próprias que deveriam ser elaboradas em conselho nacional

Os deputados devem ter reuniões periódicas nas zonas de eleição

3 Notas finais:
A participação dos militantes nos actos eleitorais só pode acontecer com as quotas em dia. Esta obrigatoriedade permite não só o arrecadar de verbas para as estruturas, como tornar mais transparente os actos eleitorais. Os pagamentos serão no entanto feitos directamente para a secretaria geral que posteriormente fará a respectiva distribuição de verbas.

Deverá ser criada uma comissão de património que zele pela boa utilização dos espaços pertencentes ao partido, bem como pela maximização dos mesmos.

A ligação com as organizações autónomas deverá ser regida através de protocolos a serem celebrados.


4 – Causas políticas

Família a liberdade de o ser
Educação – com exigência e avaliação
Identidade nacional
Renovação do estado - Menos e melhor
Património

As causas que temos que defender, sem medo, deverão ser o nosso ADN e principal marca distintiva quer dos nossos adversários naturais, PS e PCP, como ainda daquele que pontualmente é nosso parceiro mas que na prática é também um nosso concorrente o PSD.

As bandeiras residem não só nos valores da democracia cristã, à qual não renunciamos e da qual nos orgulhamos, mas também no liberalismo económico.

Os valores democratas cristãos, exaltam a dignidade da vida humana, da pessoa isoladamente ou em família, da solidariedade com os mais fracos, sejam essas fraquezas de ordem humana ou ordem material, bem como na igualdade de oportunidades e na liberdade de escolha sem que isso acarrete exclusão ou sectarismos.

Os valores do liberalismo pugnam por uma sociedade aberta e concorrencial, com plenitude de oportunidades, livre de preconceitos e barreiras, onde o proteccionismo dê lugar ao incentivo produtivo, onde a justiça e a lei estejam ao serviço de todos e não de alguns, onde a possibilidade de escolha seja uma realidade.




Quais seriam então as principais causas:

Família
É a base central da nossa sociedade e por ela devemos lutar. Não de forma desarticulada nem encapotada, mas assumindo claramente que esta organização secular continua a ser a melhor forma de construir uma sociedade. É ela ponto primeiro na educação, é ela ponto primeiro na formação de valores, é ela ponto primeiro numa politica de segurança e ensinamentos da vida.
Dessa forma não podem ser prejudicados aqueles que optam por esta forma de vida. Os impostos devem ser pensados a beneficiar quem assume um risco de ter filhos e de os educar. Tem que haver incentivos claros à maternidade/paternidade e à manutenção de um núcleo familiar estável. Não queremos fazer distinção negativa.
A nossa proposta é a distinção positiva, mas não faz sentido a tributação existente, que penaliza quem tem mais filhos e é casado em benefício de quem tem menos filhos ou não é casado. A sociedade moderna obriga a vários tipos de organizações familiares. Mas algumas estão claramente fora do que consideramos ser uma família. Se em termos económicos aceitamos que duas pessoas independentemente de serem do mesmo sexo sejam vistas como uma única entidade, não aceitamos que lhes seja permitido a adopção de uma criança. Até porque a defesa da família começa na criança. Devemos, assim, ser contra e brandir bem alto a nossa posição no referendo do aborto, que se aproxima a passos largos. Uma vez mais a esquerda vai agitar fantasmas e fazer acusações disparatadas. Serenamente seremos contra a liberalização do aborto. Votaremos e lideraremos o voto pelo não. Explicando razões e defendendo ideias, Como devemos mostrar uma posição firme contra a eutanásia. A vontade de alguns, poucos, não pode brutalizar a consciência de outros, a maioria.



Educação
Não se forma uma sociedade evoluída sem uma formação adequada. Tememos que não se esteja a pensar a educação com base numa estratégia de médio e longo prazo. Esse é um dos grandes desafios que temos pela frente. A estratégia em causa passa por passos simples. Temos apenas que avaliar o funcionamento de todo o sistema e baseá-lo num critério simples de exigência aplicável a todos. Com qualidade e dedicação aos professores e alunos. E, sobretudo, com liberdade de escolha. Assim se caminha para a verdadeira liberdade de aprender e ensinar. Com incentivo e prémio a quem o merece. Só assim alunos e professores se podem sentir motivados e a sociedade beneficiar no seu todo. Uma vez mais alertamos que não pretendemos fazer distinções negativas, mas apenas premiar aqueles que se esforçam e tentar ajudar os que têm mais dificuldades. O que não podemos permitir, na educação ou em qualquer outro sector, é que a boas sementes sejam prejudicadas pelas más. E de uma vez por todas, uma sociedade educada, culta e formada é uma sociedade mais livre, mais evoluída e que melhor pode contribuir para um futuro mais risonho.

Identidade nacional
Outro objectivo primordial do CDS e de Portugal deve ser o grande mundo da língua portuguesa. A nossa língua é um capital que não podemos perder e que definitivamente não pode ser usurpado. Apostemos então nessa ligação a um mundo tão vasto que vai desde a África, ao Brasil e mesmo ao Oriente onde ainda se vão lembrando de nós e por onde andam muitos nossos patriotas. Não pode é haver uma descontinuidade nas políticas, e esta deve ser uma das bandeiras a agitar por um partido como o CDS, defensor de uma portugalidade assente na língua e na nossa história. A língua mostra ser um forte desbloqueador e um pólo de união como facilmente se compreende. Aproveitemos então. O povo de direita prefere o Atlântico ao Continente e é fiel às suas antigas alianças. Mesmo não havendo o Ultramar pintado com as cores nacionais, existem ligações afectivas que estão sempre presentes. Como existe o mar como forte ligação ao nosso passado. À nossa identidade nacional. Tesouro que muitas das vezes desperdiçamos. E que podem e devem ser igualmente factores de desenvolvimento económico.

Renovação do estado
Quem melhor do que um partido democrata cristão de inspiração liberal para defender uma moralização do estado? Vivemos num estado em que a corrupção e a economia paralela só têm comparação em países de terceiro mundo. Devemos lutar contra este estado de coisas, começando por dar o exemplo. Não podemos dizer uma coisa e fazer outra. Mas não vale a pena fazermos um discurso bacoco e anti-sistema político. Não é esse o caminho e muito menos a nossa ideia. Pode parecer bonito e que colhe votos. Mas o povo português já não vai nessa lenga lenga.
E quando estamos a falar em estado, estamos a falar de todos os seus componentes. Serviços públicos, governo, assembleia da república e partidos políticos. Bem como dos vários poderes.

Melhor e menor estado é uma luta que deve ser de todos e não só de nós, CDS. Mas estamos livres de muitos anos de compadrios e utilização abusiva dos seus meios.

Defenda-se a mobilidade como forma de acertos de necessidades do estado e até como forma de progressão de carreira. Recupere-se o orgulho e o prestígio de ser funcionário público. Defenda-se a nomeação por confiança politica em situações bem definida e defenda-se a excelência nas candidaturas livres e espontâneas dos cidadãos.

Mas assumamos que a classe politica e nomeadamente a função de deputado também necessita de acertos. Porque não assumir uma redução do número de deputados e por outro lado fazer um aumento de vencimentos que fossem atractivos para chamar os melhores? Dignifique-se a função do deputado aos olhos do povo em geral, e limitamos os discursos populares e descabidos que se ouvem de tempos a tempos, sejam do povo sejam dos próprios titulares.

Se estas e outras moralidades forem sentidas pela população, será mais fácil fazer sentir a sociedade no seu geral que esta moralização também lhes diz respeito. Como disse um alto signatário da igreja, fugir aos impostos é pecado. Esta é no fundo a moral que devemos praticar e difundir. A partir daqui os exemplos chovem. Dê-se sem medo o primeiro passo.

Um melhor estado é o que no fundo precisamos.




Cultura e Património

Cultura é um conceito complexo de que hoje muito se fala mas poucos conseguem definir. Diríamos que Cultura é a totalidade complexa que inclui conhecimentos, crenças, arte, lei, moral, costumes e qualquer outra capacidade e hábitos adquiridos pelo homem enquanto menbro de uma sociedade.
A Cultura é assim um sistema de conhecimento que nos proporciona um modelo da realidade através do qual damos sentido ao nosso comportamento.
Hoje, quando falamos de Cultura, se por um lado aceitamos os indicadores clássicos-crenças, língua, memória colectiva, usos, costumes, artes e tradições-, por outro lado aceitamos que também se acentuem os aspectos fundamentais que cada grupo cultural, de per si, utiliza para transmitir aos seus novos membros, garantindo assim a sua identidade e a sua sobrevivência como grupo cultural.
Cultura é portanto um conceito que ultrapassa em muito a matriz da simples “produção cultural”. Cultura, hoje em dia, é sobretudo um grau de informação, um mecanismo de selecção em relação às influências exteriores, a inspiração de mecanismos de resistência sob a forma de contra-poderes. A Cultura é um dinamismo gerador de sentido.
Hoje em dia, todos os governos atribuem à política cultural um papel central e transversal no conjunto das políticas sectoriais, porque entendem o seu papel aglutinador perante os riscos de fragmentação da sociedade e a sua possível vulnerabilidade perante as crescentes pressões exteriores.
O desenvolvimento das sociedades só pode ser conseguido de uma forma livre, integral e solidária se for acompanhado por uma política cultural que, a par do realce da identidade cultural da comunidade, tenha por objectivo a promoção do primado da Pessoa, dos direitos humanos e da cidadania.
A dimensão cultural é essencial à Pessoa. Por isso toda a política cultural tem que ser prioritariamente dirigida às pessoas, a todas as pessoas, e só depois aos agentes culturais
Um dos aspectos prementes de uma verdadeira política cultural prende-se com a nossa História e o nosso Património, e a sua preservação
Pode parecer estranho fazer do património uma bandeira para os próximos tempos. Mas a explicação é simples. O património diz muito sobre a cultura do seu povo, e o nosso diz muito mal. É o património quem primeiro diz o que fomos, o que somos e o que seremos no futuro. Património degradado é sinal de más relações com o passado, não acreditar no presente e pura e simplesmente despreocupação com o futuro. Devemos assim pugnar pela preservação, até como aposta no turismo que falávamos como um desígnio nacional.

Porque não criar condições para que em vez de novas construções de gosto duvidoso, sejam incentivadas as reabilitações e recuperações de milhares e milhares de edifícios vetados ao abandono pelas grandes cidades?

Porque não incentivar a preservação de vilas e aldeias que são atractivos para os turistas
Uma nova política de cultura é fundamental. Um povo culto é um povo evoluído, com futuro. E não há política de cultura sem política de educação, nem política de educação sem política de cultura. Criemos uma verdadeira política cultural, em que se apoiem e divulguem os seus agentes e incentivemos a participação cultural tornando-a mais acessível e apetecível.
Aposte-se em bibliotecas, companhias de teatro, companhias de bailado, grupos de ópera. Incentive-se pintores, escultores, músicos e escritores. Divulgue-se cineastas, realizadores, actores. Tomemos de assalto um bastião da esquerda. Assumamos a transversalidade da Cultura
Incentive-se a iniciativa privada nos media. Promova-se a leitura. Façam-se protocolos mas liberte-se a comunicação social da presença do estado.


5 – Os próximos tempos

Serão duros e de trabalho árduo. E de longo prazo. De qualquer das formas alguns momentos vão necessitar da nossa total atenção e dedicação.
A) Eleições autárquicas
O partido tem que retomar obrigatoriamente o seu papel das autarquias. É a partir daqui que se expande uma mensagem. O partido teve nos idos anos 80 uma presença marcante nas autarquias, com autarcas que ainda hoje são referência quer na nossa história quer da de Portugal. Krus Abecassis, Vieira de Carvalho, José Gama, Girão Pereira, Acílio Gala e ainda Daniel Campelo. No entanto, ano após ano, temos a sensação de desaparecer do mapa autárquico. E dentro de meses vamos de novo a votos.

Por isso todos os nossos militantes devem estar disponíveis para as candidaturas às Câmaras Municipais. Com candidatos credíveis podemos acreditar num bom resultados. Os nossos autarcas eram as nossas principais vozes. Eram eles quem se faziam ouvir e transmitiam os ideais do partido.

Assim:
Devemos apresentar candidatos próprios onde possamos crescer.
Devemos fazer coligações onde essas passem a ser ganhadoras e mereçam a aprovação das estruturas.


B) Referendos
Nos próximos tempos prevêem-se 2 importantes referendos e que merecerão a nossa activa participação.

O da liberalização do aborto, deverá merecer claramente o nosso voto NÂO. O partido deve empenhar-se nesta luta, com o máximo esclarecimento possível.

O outro referendo previsto é o da “Constituição Europeia”. Já aqui defendemos a nossa posição global quanto ao relacionamento com a Europa. Assim, neste particular defenderemos o voto no “SIM”.
Mas claramente defendemos estes dois actos eleitorais em momentos próprios, para que haja uma correcta exposição dos temas, sem ruídos estranhos e aproveitamentos políticos desonestos.

Mas propomos também que o partido venha a promover referendos internos sobre assuntos que mereçam a votação da população portuguesa. Assim, de uma maneira legítima, o partido falará a uma só voz.

C) Candidato Presidencial
A necessidade da eleição de um Presidente da República do centro direita deverá ser uma preocupação do CDS. Para isso deveremos apoiar quem melhor possa desempenhar o lugar, sem olhar a constrangimentos antigos, sem remorsos ou rancores. O futuro do país é mais importante que a pequena politica. O futuro do país depende de um correcto equilíbrio nas forças politicas. O futuro do país depende das derrotas da esquerda e das vitórias do centro direita e da direita.

D) Oposição
A oposição que o partido irá fazer nos próximos 4 anos deverá ser responsável e digna de um partido de poder. O CDS deve empenhar-se na aprovação de diplomas que sirvam Portugal, independentemente de quem for o seu proponente. Quando discordar das propostas do governo, e estamos certos que serão muitos as vezes, deverá apresentar ideias e soluções. Mas difundi-las convenientemente. Aí ganha legitimidade de critica. E ganha respeitabilidade aos olhos dos Portugueses.

Concluindo o partido tem que ser líder de opinião. Marcar a agenda politica, mediática e das redacções dos media. Com a antecipação dos problemas e apresentando soluções. Lutando pelas suas causas, de uma forma organizada mas com muitas vozes. Ser um partido de rostos e não um partido de um homem só, seja ele quem for. O partido tem que ter transparência. Tem que pugnar pelos melhores e tem que apresentar os melhores. Há que recusar os jogos de bastidores e a baixa-política. Há que manter a espinha vertical, sem cedências, sem jogos, sem compromissos.

Para que o futuro do País seja o que todos desejamos. Com Futuro.


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